sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O amigo do primo.

Ela estava lá, na beleza de sua juventude e pré-adolescência passando uma temporada de verão na casa da avó.
Ele estava lá, na experiência dos seus 25 anos, com sua pele cor de jambo, seus dentes brancos e seu olhar malicioso passando uma temporada de verão na casa de seu amigo de infância.
Faziam festas todos os dias, junções, cervejadas, danças.
Até que um dia, quando o primo e a tia dela foram comprar mais cerveja, ficaram os dois a sós.
Ele, como uma criança ao pote de sorvete, a beijou com vontade e a fez tremer aqueles lábios nunca antes beijados por alguém tão experiente.
Se beijavam escondidos todos os dias, quando uma brecha era descoberta, e nas madrugadas [todas elas] ela fugia do quarto dela para o dele.
Ele foi o primeiro a mostrar os prazeres sexuais que se pode ter sem penetração. E ele era muito bom nisso!
Ela nem sequer o tocava, enquanto ele sempre a fazia gozar com a boca e com as mãos. Ela jamais esquecerá o gosto daquele beijo, que era doce e com gosto de cigarro. Ela ainda não fumava, mas adorava aquele sabor agridoce.
Por incrível que pareça, ele se apaixonou, a pediu em namoro, disse que ele mesmo falaria com a tia e os pais dela e que não poderia aguentar a hipótese de terminar aquele verão e perdê-la para sempre.
O verão passou e ela não aceitou o pedido de namoro, tinha medo do que a família faria. Seria um amor reprimido que ela guardaria.
Ninguém soube deles, além do primo.
Voltou para casa e o guardou nas lembranças, às vezes ouvia música e se deprimia com saudades.
Nas férias de inverno se encontraram de novo na casa da tia.
Mesma história, ela dez anos mais nova nem encostava nele, e ele a fazia ir para o céu.
Nas outras férias de verão, sua mãe foi junto passar o carnaval no bloco daquela cidade do interior. Ele estava numa barraca, e ela dentro da casa. O que não mudava nada, já que ela amanhecia o dia na barraca dele e voltava para o quarto pelas manhãs.
Adorava as mãos experientes dele. Acordava sempre sorridente.
Até que um dia sua mãe acordou e a pegou na barraca. Castigo.
Mas ela continuou indo. Era ainda melhor, além de estarem juntos escondidos, ela estava fugindo do castigo.
As férias acabaram, e de novo a nostalgia e o frio na barriga de lembrar das cenas picantes.
Certo dia ela conheceu um bom rapaz e começou a namorar sério.
Perdeu a virgindade e se tornou ativa sexualmente com o namorado, agora sem medo e egoísmo.
Cada vez que ia para a tia nas férias ou feriados, o namorado novo ia também.
Ela sentia saudades quando via o amigo do primo lá, sozinho naquele quarto ou naquela barraca.
Ele a fitava, e até dizia ao pé do ouvido, quando o namorado estava longe : "foge e vem pro meu quarto de noite, vou estar te esperando".
Mandava recados pelo primo, a encarava descaradamente.
E ela nunca foi, nem sequer cogitou.
Deixou que os pudores fossem rasgados apenas pelo namorado, e que o amigo colorido se tornasse só uma boa lembrança.
Alguns anos depois, ele agora não passa de uma lembrança bonita e uma vontade louca.
Depois daqueles verões, ela sempre ficou na mente com as duas palavrinhas que sempre a assombraram: "e se...".
E se eles realmente tivessem transado, teria sido diferente?
E se eles tivessem namorado, ela teria ido estudar na cidade ao lado da dele e eles teriam sido felizes?
Como tudo teria sido?
Isso a assombra até os dias de hoje, o simples fato de ela nunca ter deixado ele fazer mais do que dar prazer A ELA, enquanto ele sempre ficou na espera...
Uma espera em vão.
Hoje é ela quem espera pra vê-lo. É ela a assombrada com as memórias que nunca teve, com a culpa, com o arrependimento do não fazer dela.

Moral da história: Não deixe de fazer aquilo que você quer pelos outros. Haja com maturidade de aguentar as consequências, mas haja como você quiser.
No fim das contas, é VOCÊ e não eles quem vai sentir o peso das próprias decisões.

Um comentário:

  1. Meu deusss!!
    Quem sabe desde o começo sabe o quanto era divertido!
    Hahaha. Um brinde as boas, muito boas lembranças.
    Voto pelo remember completo.

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